terça-feira, 17 de maio de 2011

Minha Avó

Minha Avó 

Contava minha avó...
Saudades tantas!
Menina, vivia longe do mundo.
Atrás da casa-tapera
Passava um ribeirão,
Donde, cedinho, a mãe tirava
O almoço e o jantar. 

Criança,
Buscava água de poço,
(Desses de sarilho),
Água limpa, de beber,
Longe, bem longe de casa.
Caminhava por um trilho,
Sem grama ou capim,
Chão batido,
Onde as vacas faziam fila.
Tinha medo,
Vacas são animais quietos
E desconfiados,
Atacam sem porquê!
Ia só, ela e um balde. 

Só? 
No destino, longe que era,
Precisava fazer xixi.
Então dizia baixinho:
Anjinho,
Fica do lado de cima,
Cuida do balde e do caminho.
Vou baixar quietinha
Na grama do pasto.
Menina, criança,
Cuidada por um anjinho. 
Era feliz, minha avó?
Não sei, mas tinha um anjo
Para não ser só. 

Retomava o balde e o caminho
Sem esquecer seu anjinho.
Vem, anjo, vem comigo.
Ia longe, bem longe,
Levava um balde
E um anjinho. 
Como ia, vinha,
Todo dia,
Pelo mesmo caminho,
Com o mesmo medo,
Com o mesmo balde,
Com o mesmo anjo.
Amigo anjo!
Minha avó, menina...
Saudades tantas! 
(Dudu Pedralli)

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