segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Felicidade


                              A Felicidade

Ouvi um barulhinho no jardim:
Um duende e uma fada conversavam
“ O que nós vamos fazer
Para ajudar a humanidade
A encontrar a tal felicidade?"

"Para ser feliz é preciso sorrir,
Papa ser feliz é preciso cantar,
Para ser feliz é preciso sonhar
E sempre cultivar a esperança".

"A felicidade não tem idade",
Disse o duende para a fada,
"E em qualquer lugar,
Na terra, céu, no mar
E dentro de você ela é encontrada”.

A fadinha disse, sorrindo, então:
“Vamos ensinar ao mundo:
Se você quer ser feliz, sorria,
Se você quer ser feliz, cante uma canção,
Esteja sempre aberto à alegria,
E dos seus sonhos nunca abra mão.

Espalhe paz e harmonia pelo seu caminho.
Em todo semelhante veja um irmão.
Receba cada dia com muito carinho
E trate a natureza como um amigão.

Tenha amor e bondade no coração,
Respeito e gratidão pela vida,
Acredite em você e a felicidade
Será uma verdade colorida”.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Folha


A Folha

A folha deu-se ao vento, vencida, e se foi...
Longe, longe, trocou de ares, mudou de vida.
Rolou, secou, perdeu pedaços..
Foi embora, como se esquecendo o caminho.
Mas a mente da folha gravou cada instante,
E embutiu a lembrança em seus veios.
Não retornará ao seu galho imóvel e firme,
Nem fará sombra somando-se às outras folhas.
Perdeu o viço, o brilho, perdeu-se a folha,
Mas não perdeu a memória, nem a origem.
Estará, para sempre, ligada à velha árvore
Com a qual, um dia, foi um inteiro.
O vento ganhou a presença companheira,
Mas não apagou a saudade.
(Dudu Pedralli)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Hoje Cinza



Hoje Cinza

Hoje cinza como a tristeza.
Dia sem sol, sem sal e sem graça.
Um verde pálido desmaiou
Sobre a terra lá da praça. 

Folhas caídas, flores dormidas...
Foram-se as cores, foi-se a beleza.
Tudo cinza como as dores,
Triste, como a tristeza,
Como o vazio de amores. 
Sem cantiga de passarinhos,
Sem borboletas brincalhonas,
nos entremeios dos ares...
Sem abelhas rápidas, ávidas,
Em riscos irregulares. 

Hoje cinza como a saudade,
De todo o bem que ficou
Entranhado na lembrança.
Como o frio da despedida,
A tristeza da partida,
De viver pela metade. 
Dia de lenta agonia,
Sem promessas, sem apelos.
Sem vento a desalinhar cabelos
E balanços sem crianças.
Sem sorrisos, correria. 

Dia insosso, sem magia.
Um não sei quê de abandono.
Frio abandono...
Como cachorro sem dono,
Em ruas sem esperanças. 

Hoje, até as andorinhas
Se esqueceram de fazer
Revoadas pelo céu.
Ficaram quietas nos ninhos,
Esperando, como eu,
Pelo colorido rumor
De tudo que emudeceu. 

Os namorados guardaram
Tantos beijos salivados,
Desejados, demorados,
Para amanhã ou depois.
O cinza que encobre o sol
E empalidece o azul
Rouba as sombras do chão.
Esse opaco é a tristeza,
Que só sabe como é,
Quem a tem no coração. 

Cinza como a cruel leveza
Do navio que se vai,
Deslizando devagar,
Levando um grande amor,
Amargo sabor...
Sem promessa de retorno...
Nem caneta, nem papel.
Triste cinza de abandono.
Dia em que a poesia
Pede licença à alegria
Para dormir sem sonhar. 
(Dudu Pedralli)

Minha Avó

Minha Avó 

Contava minha avó...
Saudades tantas!
Menina, vivia longe do mundo.
Atrás da casa-tapera
Passava um ribeirão,
Donde, cedinho, a mãe tirava
O almoço e o jantar. 

Criança,
Buscava água de poço,
(Desses de sarilho),
Água limpa, de beber,
Longe, bem longe de casa.
Caminhava por um trilho,
Sem grama ou capim,
Chão batido,
Onde as vacas faziam fila.
Tinha medo,
Vacas são animais quietos
E desconfiados,
Atacam sem porquê!
Ia só, ela e um balde. 

Só? 
No destino, longe que era,
Precisava fazer xixi.
Então dizia baixinho:
Anjinho,
Fica do lado de cima,
Cuida do balde e do caminho.
Vou baixar quietinha
Na grama do pasto.
Menina, criança,
Cuidada por um anjinho. 
Era feliz, minha avó?
Não sei, mas tinha um anjo
Para não ser só. 

Retomava o balde e o caminho
Sem esquecer seu anjinho.
Vem, anjo, vem comigo.
Ia longe, bem longe,
Levava um balde
E um anjinho. 
Como ia, vinha,
Todo dia,
Pelo mesmo caminho,
Com o mesmo medo,
Com o mesmo balde,
Com o mesmo anjo.
Amigo anjo!
Minha avó, menina...
Saudades tantas! 
(Dudu Pedralli)

O Rio das Borboletas

  O Rio das Borboletas
   O mais belo lugar trazido da infância!
Leve, doce e pura lembrança,
Grudada nas paredes da memória.

Muito, muito menina!
Uns quatro aninhos, talvez.
Parada obrigatória,
Nem sei porquê!
Para marcar minha vida...
Esculpir minha alma... 

Era perto da estrada.
Uma pequena clareira no mato...
A nascente límpida logo acima
E um fino espelho d’água,
tão clara,
transparente,
como a memória que trago.
Tão fininho o leito era,
que só conseguia molhar
meus pequenos pés.
Antes de chegar nele,
Um tanto de borboletas
De todas as cores
Beijavam o chão...

Tantas, tantas, mas tantas
Que meu coração pequenino
Não continha o desejo de vê-las
Todas no ar...
Corria entre elas
De braços abertos.
O prazer da revoada,
De vê-las revirando...
Todas as cores!
Todas as cores voando e revoando
Misturando-se num vai-e-vem
Engraçado.
Ah! De delícia que era!
Sinto saudades
Daquele lugar mágico,
Onde, criança, podia brincar.
E ver as cores voando,
Voando, voando sem parar...

Quando todas se abaixavam
Para beijar o sal do chão,
Eu, sorrateira,
Sorria e corria,
Criança pura que era,
Para ver a revoada de cores
Bailando no ar!
Queria ser, fazer parte
Do mundo das borboletas!

(Dudu Pedralli)